Estudo investiga porquê isolamento social afeta impaciência e depressão

Estudo investiga como isolamento social afeta ansiedade e depressão

Quem vive com qualquer transtornos de impaciência, frequentemente, enfrenta desafios intensos nas relações interpessoais. É geral essas pessoas relatarem uma sensação de consolação na subtracção do convívio com outras, ou até mesmo no isolamento completo. Mas, por fim, até que ponto esse libido de evitar o contato social é saudável?

É o que tenta entender um grupo de pesquisadores do Laboratório de Neurociência Comportamental, do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-RJ. A FAPERJ, Instauração Carlos Chagas Fruto de Arrimo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro e o CNPQ, Parecer Vernáculo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico financiam a pesquisa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a impaciência se caracteriza pelo susto excessivo, preocupação permanente e comportamentos de esquiva diante de ameaças, muitas vezes infundadas. Já a depressão, manifesta-se por um estado de tristeza persistente, vazio ou irritabilidade, além da perda de interesse em atividades antes prazerosas. Ambos os transtornos causam comprometimento funcional significativo.

A Doutoranda do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Amanda Peçanha, explica que foi testada a reação de ratos com diferentes níveis de impaciência para entender porquê o isolamento social afeta o comportamento deles. Por 14 dias, ratos muito ansiosos, pouco ansiosos e comuns são colocados em gaiolas sozinhos, ou em grupos com outros iguais a eles. No 15º dia, todos passaram por um teste de “natação forçada”, onde é observado por quanto tempo eles tentam nadar para trespassar da bacia. Quanto mais rápido o rato desiste, maior é o comportamento depressivo.

O estudo apurou que o isolamento social piorou o estado emocional dos ratos comuns ou pouco ansiosos, mas aqueles mais ansiosos tiveram uma melhora significativa. Uma provável explicação é que o convívio com outros ratos também ansiosos tenha causado um envolvente de estresse compartilhado. Logo, quando eles ficaram sozinhos, se sentiram melhor.

O trabalho conclui que embora pessoas ansiosas possam se beneficiar de uma certa intervalo social, o isolamento excessivo não é uma solução saudável a longo prazo, porquê explica Amanda Peçanha.

“Esse consolação é temporário. O isolamento não é — e nunca será — uma solução saudável a longo prazo. Nós, seres humanos, somos seres sociáveis. Logo, a gente precisa conviver com outras pessoas, se sentir pertencente a grupos… Isso é muito importante para a nossa saúde mental”.

A pesquisadora pondera que mesmo sendo legítima a vontade de estar sozinho, o paciente não deve se acomodar nesse isolamento.

“Se você, que me escuta, se identifica com essa vontade de se alongar e de se isolar por conta dessas pressões e desconfortos emocionais tão intensos, saiba que esse libido faz sentido. Se você tem um diagnóstico e está sofrendo de um transtorno de impaciência ou depressão, ele é até originário — mas não deve se transformar em um padrão de vida”.

A verdadeira recuperação, segundo o estudo, passa pela reconexão consigo mesmo, com o outro e com o mundo. O tratamento mais eficiente integra técnicas de regulação emocional, desenvolvimento de habilidades sociais, treino de flexibilidade cognitiva e, quando necessário, a combinação de abordagens psicológicas e medicamentosas.

Um dos hábitos que ajudam a prevenir a impaciência e a depressão é o cultivo de relações sociais de qualidade, que têm um papel protetor crucial, promovendo autoestima, siso de pertencimento e regulação emocional. Quando esses vínculos são fragilizados, aumenta-se a vulnerabilidade ou o agravamento de transtornos psíquicos.


Manadeira: Rádio Filial Nácional