As fake news, ou notícias falsas em bom português, estão cada vez mais sofisticadas. Hoje é possível ver um vídeo de uma pessoa falando com a própria voz algo que ela nunca disse. Essa nova forma de divulgar mentiras é chamada de deepfake, conforme explica a CEO da Lupa — portal de checagem e pesquisa sobre desinformação —, Natália Leal:
“Uma deepfake é um conteúdo alterado em mais de uma camada. A gente tem, por exemplo, uma foto — ela é normalmente alterada em apenas uma camada. Já uma deepfake, ela é um conteúdo falso que mexe com mais de uma dimensão. Então, a gente vai ter alteração da imagem e da voz, da imagem e do som.”
A pesquisadora Clarissa Mendes, coordenadora de projetos na área de inteligência artificial no IPREC — Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife —, explica que é muito fácil encontrar tanto aplicativos e sites que montem a falsificação, como também conteúdos falsificados de forma simples e gratuita:
“Mais ou menos 80% das pessoas encontram um caminho para deepfakes a partir de plataformas de busca, porque inclusive essas plataformas conseguem monetizar esses conteúdos.
Eu acho interessante porque, quando surgiu esse fenômeno das deepfakes, a gente estava muito preocupado — e com razão — com os efeitos políticos disso, né? De ser usado para desinformação, da gente não saber mais o que o político falou ou não falou. E aí, quando a gente foi estudar deepfakes, a gente descobriu que, na verdade, a maior parte dos casos de deepfakes encontrados são de nudez.”
Um estudo do Home Security Heroes percebeu também que, em 2023, 98% das deepfakes retratavam cenas pornográficas.
Desde abril deste ano, foi sancionada a Lei 15.123, que classifica o uso de inteligência artificial como agravante ao crime de violência psicológica contra mulheres.
Nos casos que não envolvem nudez, as tratativas de legislação — tanto aqui quanto no restante do mundo — ainda caminham a passos lentos. E, em sua maioria, pretendem punir quem criou a deepfake, sem citar a plataforma que aceitou o conteúdo ou as pessoas que ajudaram a compartilhar.
Fonte: Rádio Agência Nácional