Ministra defende que os altos juros afetam negativamente o orçamento e os serviços públicos
No último dia 22 de dezembro de 2025, a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, fez declarações significativas sobre a relação entre a taxa Selic e a crescente dívida pública. Em um post em uma rede social, Gleisi posicionou-se de forma a indicar que os altos juros, atualmente fixados em 15% ao ano o maior nível observado desde 2006 são os principais responsáveis pela elevação da dívida, desconsiderando as alegações que atribuem a culpa às despesas do governo.
A Selic, que é a taxa básica de juros estabelecida pelo Banco Central (BC), serve como uma ferramenta central na política monetária do país, sendo utilizada para controlar a inflação. Gleisi classificou o atual patamar da Selic como um fator que “suga” os recursos destinados a investimentos, prejudicando diretamente a prestação de serviços públicos e o financiamento de programas sociais importantes para a população.
As declarações surgem em um contexto onde a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2026 pelo Congresso Nacional previu para o ano gastos totais de R$ 6,5 trilhões. Essa cifra inclui uma alocação de R$ 1,82 trilhão, que corresponde a 28% do orçamento, apenas para o pagamento de juros da dívida pública. Essa situação levanta questionamentos sobre a viabilidade financeira e as prioridades do governo na alocação de recursos.
As críticas de Gleisi se fundamentam ainda em informações espalhadas na mídia que sugerem um crescimento das despesas governamentais de 5% acima da inflação como um motivo para a escalada da dívida. A ministra refutou essa narrativa, argumentando que os juros estão atualmente 10% mais elevados do que o índice inflacionário, um cenário que ela considera insustentável. “Esses juros estratosféricos, que encarecem o crédito e limitam o crescimento, é que fazem crescer a dívida pública”, enfatizou em sua postagem.
Essa discussão vem à tona em um momento em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, pela quarta vez consecutiva, manter a taxa de juros em 15%. O mercado financeiro, entretanto, acredita em um arrefecimento dessa taxa ao longo dos próximos anos, com previsões que apontam para um eventual recuo para 12,25% até o final de 2026, e uma nova diminuição para 10,5% e 9,75% nos anos seguintes.
Outro aspecto importante abordado por Gleisi é a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o último boletim Focus do Banco Central, a expectativa para este ano é de que a inflação feche em 4,33%, ligeiramente abaixo das previsões anteriores. O IPCA, que teve uma alta de 0,18% em novembro, acumula um aumento de 4,46% nos últimos 12 meses, retornando assim para dentro do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O objetivo do CMN, que orienta as ações do Banco Central, é estabelecer a meta de inflação em 3%, com uma margem de tolerância que varia entre 1,5% para cima ou para baixo, permitindo assim um intervalo que vai de 1,5% a 4,5%. Recentemente, o modelo de meta contínua, que é aplicado desde janeiro de 2025, busca maior agilidade na resposta às flutuações inflacionárias, avaliando a inflação acumulada a cada mês.
Em sua análise, Gleisi almeja alterar a percepção que a sociedade tem sobre as políticas de juros e também sobre as despesas governamentais, enfatizando que uma abordagem mais equilibrada pode levar a um desenvolvimento mais sustentável do Brasil. A ministra ainda critica a falta de atenção a essa questão pela mídia, defendendo que os altos juros, além de comprometerem o orçamento, impactam negativamente a vida cotidiana dos cidadãos, afetando especialmente aqueles mais vulneráveis que dependem de programas sociais.
É importante observar que a Selic não é apenas uma questão numérica, mas um elemento central que afeta investimentos, consumo e, consequentemente, o crescimento econômico do país. Ao determinar os custos do crédito, a taxa Selic influencia diretamente as empresas na hora de decidirem por expandir suas operações ou não. Portanto, a discussão sobre a taxa de juros não deve ser vista como um debate isolado, mas sim como um fator interligado a várias dimensões da economia brasileira.
Ao escolher dirigir suas críticas ao sistema financeiro e ao aumento da Selic, Gleisi Hoffmann se coloca como uma defensora da necessidade de uma reformulação das políticas econômicas que possam promover não apenas a estabilidade, mas também um crescimento que seja inclusivo e sustentável para todos os brasileiros.
Esse posicionamento reflete uma estratégia política que busca apoiar o governo em suas ações de investimento e desenvolvimento, essencial em um momento em que o Brasil enfrenta não só a questão da dívida, mas também vários desafios sociais e econômicos que requerem soluções práticas e eficazes.
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