Da Segunda Divisão ao Tricampeonato nas Forças Armadas: Titio Conta a Trajetória de Dedicação ao Esporte Corumbaense
Em uma emocionante entrevista veiculada em uma live na página do Facebook da Rádio MegaPan 106.9 FM, o futebol amador de Corumbá foi revivido através das memórias de um de seus grandes nomes: Titinho (Lucío Alves de Arruda), Reconhecido por gerações mais antigas por sua participação na época de ouro do futebol local, Titinho compartilhou detalhes de sua carreira, marcada pela paixão e dedicação.
Para muitos, o futebol amador de Corumbá é sinônimo de glória, como o Marítimos, que foi pentacampeão estadual. Titinho, que foi meio de campo, expressou a profunda emoção ao revisitar essa história. Ele lembrou de seu pai, um fuzileiro naval, que ia de bicicleta pelos trilhos até a então Base Fluvial (hoje 6º Distrito Naval), um detalhe que conecta sua história familiar ao esporte.
Início no Futebol e a Oportunidade no Riachuelo
Titinho iniciou sua jornada em Belford Roxo (RJ) e, ao chegar em Corumbá em 1955, tentou, sem sucesso, uma chance no campo do Ladário. A oportunidade surgiu através de um marinheiro, o “Passarão“, que o convidou para jogar na Segunda Divisão pelo Estrela Vermelha no campo do Campeão do Brasil local que ele descreveu, em uma memória viva, como o “Serrano Desportivo” da época, por ser o palco das grandes disputas da divisão.
A virada em sua carreira veio em um treinamento. Um observador o chamou para jogar na Primeira Divisão, no Estádio. O time era o Riachuelo. Titinho aceitou, estreando com um gol contra o poderoso Marítimos em um jogo no Cruz Vermelha.
“Eu não conheço ninguém aqui, Estrela Vermelha,” ele lembrou ter dito, antes de aceitar o convite para a elite.
De Corumbaense a Tricampeão das Forças Armadas
A ascensão de Titinho foi rápida. Após o primeiro turno, ele foi levado por Floriano para o Corumbaense. Sua trajetória seguiu para o Dom Bosco e, posteriormente, para o Ladário, atendendo a um pedido do oficial fuzileiro Hélio Benze, que defendia que todo fuzileiro deveria jogar no clube local. A determinação de jogar em Ladário gerou atritos com seus antigos colegas, que o chamavam de “traíra”.
Titinho também detalhou sua segunda fase na cidade, após retornar do Rio Grande do Sul (onde cursou em 1967/1968), quando passou a jogar pelo time do Corpo de Fuzileiros Navais, alcançando a glória máxima de ser Tricampeão das Forças Armadas.
A História Inédita da Final e a ‘Folha de Gato’
Um dos momentos mais emocionantes de sua narrativa foi a final do campeonato de 1968/1969, coincidentemente no dia 13 de dezembro (Dia do Marinheiro), que marcava o encerramento da semana de férias da Marinha.
O jogo era Corumbaense versus Marítimos. O comandante da Marinha não o dispensou para a partida, pois ele estava escalado para uma corrida matinal. Titinho correu, venceu a prova, e só então pôde ser resgatado, daí o levaram para casa, garantindo que ele não seria impedido de ir ao Estádio.
“Você quer começar jogando, quer entrar no segundo tempo? Não, vou começar a jogar o tempo que eu vou aguentar,” respondeu Titinho.
Ele aguentou o primeiro tempo inteiro. O Corumbaense venceu o campeonato, e Titinho encerrou sua memória com orgulho. A live ressaltou a importância de preservar essas histórias, que remetem a um tempo em que o futebol amador de Corumbá era uma força no cenário estadual.