Faltando exatamente um mês para assumir a presidência temporária do Mercosul, o presidente Lula disse, nesta sexta-feira (6), na França, que a produção agrícola brasileira não prejudica a da Europa, ao tutorar o contrato mercantil entre União Europeia e Mercosul. Segundo Lula, seria uma forma de combater o unilateralismo. 
“Se nós colocarmos agricultores franceses junto aos brasileiros, eles vão desvendar que as nossas agriculturas são complementares. Uma não prejudica a outra. Finalmente de contas, negócio binacional é uma via de duas mãos. Eu exijo qualidade, mas ofereço qualidade. É preciso que a gente tenha essa lisura suficiente. Estou otimista e disse ao presidente Macron: antes de eu terminar a presidência do Mercosul, esteja pronto, porque nós vamos assinar o contrato União Europeia e Mercosul”.
O presidente deu essa enunciação durante o fechamento do Fórum Empresarial Brasil/França, em Paris. Lula voltou ao tópico um dia depois se reunir com o presidente francesismo, Emannuel Macron, a quem pediu que “abrisse o coração” para autenticar o contrato com o conjunto da América do Sul.
Ao falar da questão ambiental, Lula se dirigiu aos franceses para proferir que os países desenvolvidos têm uma dívida com aqueles em desenvolvimento, para a transição energética e proteção ambiental.
“Os países que têm florestas são, quase todos, pobres. América do Sul tem uma Amazônia envolvendo vários países. A Indonésia e o Congo. E, depois, os países mais ricos têm que compreender que eles têm um passivo histórico. Porquê eles começaram uma industrialização há muito mais tempo, eles emitiram gás do efeito estufa há muito mais tempo. Logo, eles têm que remunerar esse contencioso. Vocês já tiraram proveito de poluir o planeta. Vocês já criaram o estado de bem-estar social. E nós que ainda não criamos zero?”
Diante de executivos franceses e brasileiros, o presidente Lula disse ainda ser contra uma guerra fria e que quer relações comerciais tanto com os Estados Unidos quanto com a China. Ele também mencionou o certificado de reconhecimento do Brasil uma vez que livre de febre aftosa sem vacinação, recebido em Paris horas antes. E voltou a criticar a governança da ONU, cujas decisões – segundo o presidente – não são eficazes e nem respeitadas.
Na próxima semana, Lula participa da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, em Nice, também na França. Muro de 100 chefes de Estado e governo, além de cientistas e integrantes da sociedade social se reúnem no evento, que começa na próxima segunda-feira.
Natividade: Rádio Sucursal Nácional
