Pesquisa identifica potencial analgésico do canabigerol

Pesquisa identifica potencial analgésico do canabigerol

Pesquisadores da Uerj, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, identificaram mais um benefício do uso da Canabis sativa para o tratamento de doenças. Desta vez, o estudo aponta propriedades anti-inflamatórias e um potencial analgésico do canabigerol, o CBG, considerado o precursor químico dos demais carnabinoides, mas ainda pouco conhecido.

O composto, que não provoca alterações de consciência, está sendo testado em roedores, e mostrado alívio imediato contra dores de diferentes tipos, como as agudas ou neuropáticas, de difícil tratamento.

O professor e coordenador do estudo, Guilherme Carneiro Montes, do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, da Uerj, explicou que a Cannabis sativa contém centenas de compostos e que o CBG não tem efeito psicoativo e atua com bastante eficácia no tratamento de dores.

Segundo ele, após 10 dias com CBG, os animais tiveram redução significativa na sensibilidade dolorosa, sem efeitos colaterais como sedação ou prejuízos motores, comuns em analgésicos potentes.

“O grande diferencial da nossa proposta é justamente avaliar o potencial terapêutico dos extratos obtidos de uma cadeia produtiva nacional que ainda é pouco explorado na pesquisa brasileira e isso promove uma geração de conhecimento local, fortalecendo autonomia científica e ajuda a construir a soluções que poderão ser adaptadas junto, por exemplo, ao Sistema Único de Saúde.”

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, dores persistentes afetam cerca de 30% da população mundial. Mas, o pesquisador ainda não sabe quando a substância poderá ser testada em humanos, porém disse que as perspectivas são promissoras.

“Se comprovada a eficácia desses produtos, poderão fornecer, por exemplo, alternativas mais seguras, acessíveis e eficazes para pacientes que sofrem com dor que muitas vezes não encontram alívio nos tratamentos convencionais. E além disso tratam-se de soluções que movimentam a economia nacional, promovendo a inovação e fortalecendo a soberania científica e sanitária no país.”

O estudo, que teve apoio da Faperj, a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, já foi, inclusive, publicado na revista internacional Scientia Pharmaceutica.


Fonte: Rádio Agência Nácional