Um crime marcado por frieza, crueldade e motivação ligada ao tráfico de drogas chocou moradores de Campo Grande nesta semana. Maria de Fátima Alves, 40 anos, foi encontrada morta às margens da BR-262, no anel viário da Capital, após desaparecer no dia 2 de dezembro. Conforme as investigações, ela foi executada com pelo menos dois tiros, um deles na cabeça, depois de descobrir tabletes de cocaína escondidos no guarda-roupa da prima, Daiane Alves dos Santos, 32 anos.
Daiane e o comparsa, Leandro Seabra, 41 anos, foram presos em flagrante por homicídio qualificado, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Ambos negaram inicialmente a participação no assassinato, mas uma série de provas e contradições desmontou a versão dos suspeitos.
A frase que chocou policiais
Segundo apurado pela Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios (DHPP), Daiane demonstrou completa frieza ao ser questionada sobre o crime. Em dado momento do interrogatório, ela afirmou:
“Era para ela aprender a não mexer na coisa dos outros.”
A frase deixou os investigadores perplexos e foi interpretada como uma confissão indireta. Ao ser pressionada novamente sobre quem havia matado Maria de Fátima, Daiane tentou se esquivar: “Perguntem para o Leandro”, disse. Ele, por sua vez, afirmou que sequer conhecia a vítima, declarações posteriormente desmentidas pela investigação.
Uma vítima em situação de extrema vulnerabilidade
Maria de Fátima havia chegado a Campo Grande há cerca de três meses, fugindo de um histórico de violência doméstica em Minas Gerais. A prima ofereceu acolhimento, mas a promessa nunca se concretizou. Sem recursos, Maria acabou vivendo em situação de rua, recorrendo a abrigos da Capital.
Mesmo receosa da prima — a quem chamava de “cabulosa” — Maria foi até a residência dela no dia 2 de dezembro para buscar sua carteira de trabalho. Ali, encontrou a droga escondida no guarda-roupa. O medo de que fosse denunciada ao tráfico teria levado Daiane e Leandro a planejar a execução.
Últimos momentos antes do assassinato
Horas antes de desaparecer, Maria de Fátima deixou o abrigo com uma bicicleta emprestada e disse que iria à casa da prima. Testemunhas relataram que ela foi vista entrando em um HB20 branco, dirigido por um homem — posteriormente identificado como Leandro.
Antes de matá-la, o casal obrigou a vítima a devolver a bicicleta ao abrigo, como se buscassem eliminar rastros. Pouco depois, por volta das 20h30, segundo a polícia, Maria foi levada a um trecho isolado da BR-262, onde foi executada com tiros na cabeça e no ombro.
A arma usada no crime foi jogada pela janela do carro durante o retorno à casa de Daiane e ainda não foi localizada.
Prisão e apreensão de drogas
Após identificar o veículo e monitorar a casa da suspeita, policiais da DHPP abordaram o casal na tarde de quinta-feira (4). No carro, encontraram porções de cocaína no console e um tênis preto feminino no porta-malas, que pertencia à vítima.
Dentro da casa, a cena reforçou a motivação do crime:
• 6 tabletes de cocaína de alta qualidade,
• 3 balanças de precisão,
• materiais diversos usados no tráfico.
Daiane mentiu ao afirmar que a prima havia jantado e saído em seguida — versão que não coincidia com a linha do tempo já apurada.
Medo de denúncia motivou execução
As investigações concluíram que a vítima foi morta porque o casal acreditava que ela denunciaria o esconderijo de drogas. Para os investigadores, Maria de Fátima foi assassinada por saber demais.
A polícia não descarta a possibilidade de que ela tenha sido torturada antes de ser morta. O laudo definitivo será divulgado pelo IML.
Daiane e Leandro seguem presos, com pedido de prisão preventiva já encaminhado à Justiça.
Fonte: Por Dayene Paz..campograndenews.






