Professores ocupam Câmara e deixam prefeito Gabriel isolado: crise política explode em Corumbá

Professores ocuparam a Câmara de Corumbá contra projeto do prefeito Gabriel que altera contratos temporários. Protesto uniu vereadores, expôs falhas de articulação e agravou a crise política.

Projeto que restringe contratos temporários de docentes gera revolta, une vereadores contra a proposta e expõe fragilidade da base política do prefeito Gabriel.

A Câmara Municipal de Corumbá foi palco de um protesto histórico nesta semana. Professores da rede municipal lotaram o plenário em reação ao projeto de lei encaminhado pelo prefeito Gabriel Alves de Oliveira, que altera de forma drástica as regras para contratação temporária de docentes.

Atualmente, os profissionais podem atuar por até quatro anos consecutivos e retornar após seis meses de afastamento. A proposta do prefeito Gabriel reduz o período máximo para dois anos e amplia a quarentena para dois anos, medida considerada inviável pela categoria.

Rejeição unânime e desgaste político

O recado foi direto: o projeto não tem condições de passar. Até mesmo os vereadores mais próximos do Executivo se recusaram a defender a proposta. O líder do governo, vereador Hesley Santana, professor de carreira, declarou apoio irrestrito aos manifestantes, revelando o tamanho da crise na base.

Façanha expõe isolamento do governo

O vereador Roberto Façanha, próximo ao secretário de Relações Institucionais, Marcos Martins, também surpreendeu. Em vez de blindar o Executivo, como se esperava, ele criticou a falta de diálogo e aconselhou os professores a cobrarem diretamente do prefeito Gabriel, expondo que nem os aliados mais próximos foram ouvidos na formulação da proposta.

Chicão Vianna rompe com Gabriel

Outro golpe político veio de Chicão Vianna, amigo pessoal e articulador da eleição do prefeito Gabriel. Da tribuna, ele declarou:
“Não havendo diálogo, nessas condições, eu voto com vocês.”

A fala foi vista como um rompimento simbólico e mostrou que até aliados de confiança já não conseguem sustentar a condução política do prefeito.

Camila Carvalho, a “prefeita de fato”

Nos bastidores, os ataques recaem sobre a secretária de Planejamento, Camila Carvalho, apelidada de “Prefeita de Corumbá” pela forte influência no gabinete. Ela já havia sido responsável por medidas polêmicas, como cortes de verbas da Educação e a exclusão de temporários das eleições para diretores escolares. Agora, servidores de várias áreas a acusam de ser o epicentro da crise que desgasta a gestão do prefeito Gabriel.

Constrangimento público e crise ampliada

O episódio resultou em um constrangimento coletivo: vereadores governistas rejeitaram um projeto do próprio prefeito, professores conquistaram apoio unânime no plenário e até a Secretaria de Educação foi vista como aliada da categoria, deixando a Secretaria de Planejamento ainda mais isolada.

O que deveria ser apenas uma pauta administrativa se transformou em uma crise política de grandes proporções, revelando falhas graves de articulação.

Risco político para 2028

A comparação nos corredores é inevitável: a trajetória de Camila Carvalho lembra a de uma ex-secretária que, no passado, levou outro prefeito a perder o apoio dos servidores. A diferença é que, agora, sua influência se estende por toda a Prefeitura.

Com apenas nove meses de mandato, o prefeito Gabriel já enfrenta sucessivas crises e corre o risco de chegar a 2028 enfraquecido, marcado pelo rótulo de um gestor mal assessorado e sem base social.