“Tensão na Bolívia: Santa Cruz sem ônibus, Cochabamba com bloqueios e, em La Paz, passageiros denunciam tarifas abusivas.”

O fim dos subsídios aos combustíveis na Bolívia, oficializado pelo Decreto Supremo 5503, mergulhou as principais cidades do país em uma crise de mobilidade. Enquanto Santa Cruz de la Sierra sofre com a paralisação total de ônibus, Cochabamba enfrenta bloqueios em estradas e La Paz lida com tarifas que chegaram a dobrar de preço sem fiscalização.

A medida econômica anunciada pelo presidente Rodrigo Paz há cinco dias continua a gerar ondas de choque em todo o território boliviano. A eliminação do subsídio aos combustíveis, oficializada pelo Decreto Supremo (DS) 5503, transformou a rotina das principais capitais da região central, embora cada uma apresente um cenário diferente de resistência e caos.

La Paz: Tarifas Abusivas e Falta de Fiscalização

Na capital administrativa, os micro-ônibus circulam, mas o custo para o passageiro disparou. Usuários relatam que as tarifas foram reajustadas de forma arbitrária pelos motoristas. Trechos que antes custavam Bs 2,50 agora são cobrados a Bs 4, enquanto rotas de Bs 1,50 saltaram para Bs 2. Em alguns trajetos intermunicipais, o valor da passagem simplesmente dobrou. “Não há fiscalização”, denunciam os passageiros, que se veem obrigados a pagar para não perder o dia de trabalho.

Santa Cruz: Cidades sem Micro-ônibus

Em Santa Cruz de la Sierra, o motor econômico do país, o cenário é de deserto nas vias principais. O serviço de micro-ônibus está totalmente paralisado nesta segunda-feira. A única alternativa para a população tem sido os trufis (táxis compartilhados), que circulam de forma limitada e com capacidade reduzida, não suprindo a demanda da maior cidade do país.

Cochabamba: Estradas Bloqueadas

A resistência é mais agressiva em Cochabamba, onde o transporte independente decidiu pelo fechamento de vias. Diversos trechos de estradas e ruas urbanas foram bloqueados por motoristas em “estado de emergência”. Os líderes do movimento afirmam que o fim do subsídio representa uma duplicação imediata nos custos de operação, tornando o serviço inviável sem um reajuste oficial drástico.

 

O Impasse do Decreto 5503

Os trabalhadores do setor de transportes exigem a revogação imediata do DS 5503 e o restabelecimento dos subsídios. O clima de tensão é agravado pela falta de diálogo entre os transportadores independentes e o governo. Enquanto alguns setores concordaram em participar de mesas técnicas de negociação, os grupos responsáveis pelos bloqueios afirmam que não foram consultados e que manterão os protestos até que o governo recue na decisão de unificar o preço dos combustíveis.

Fonte: |Leyla Mendieta Cruz